O Programa das Actividades de Enriquecimento Curricular encontra-se regulamentado pelo Despacho da Ministra da Educação n.º 14460, de 26 de Maio de 2008, na sequência da primeira tentativa de implementação do modelo de escola a tempo inteiro.
OK… isto é burocracia!
O que se passa efectivamente, é que um grande número de jovens professores sem colocação, só assim tiveram oportunidade de começar a sua carreira profissional e ganhar a vida, mas a que custo…
OK… isto é burocracia!
O que se passa efectivamente, é que um grande número de jovens professores sem colocação, só assim tiveram oportunidade de começar a sua carreira profissional e ganhar a vida, mas a que custo…
Ora vamos lá a ver:
Primeiro, há uma infinidade de organismos que gerem estas actividades, organismos e associações que vão desde as Câmaras Municipais a Institutos e Associações de Pais… Todos eles têm um único objectivo: meter ao bolso algum (muito) do dinheiro atribuído a estas actividades. Quanto a outros objectivos, os pedagógicos, enfim, andam pelas ruas da amargura, até porque de educação todos acham que opinam mas vai-se a ver, e é como sabemos;
Segundo, sendo que, afinal, isto até dá lucros… podem fazer contas aqui no CAPÍTULO II Acesso ao financiamento… então porque é que os lucros não são geridos pelas próprias escolas e encaminhados para tantas outras necessidades pedagógicas, que sabemos as há, e nunca podemos realizar porque falta o melhor? Para além disso, a “mão de obra”, leia-se professores da AECs, continua a ser paga quase ao mesmo preço que eu pago à minha empregada doméstica!
Terceiro: no nº 31 do bendito despacho, vêm então falar da supervisão e cito “ compete aos titulares de grupo e dos professores titulares de turma assegurar a supervisão pedagógica e o acompanhamento da execução das actividades de animação …. bem como de enriquecimento curricular no 1.º ciclo do ensino básico, tendo em vista garantir a qualidade das actividades, bem como a articulação com as actividades curriculares…”
Ainda referem, a seguir, o que se entende por supervisão. Ou seja, compete-nos a nós, os outros professores acarretar mais umas quantas reuniões, programações, avaliações, articulações que, pois, pois, …
Mas então estes professores que podem leccionar as AECs não são formados o suficiente para as leccionar? A supervisão é para quê? Para os fiscalizar? Se não é, então para que é?
Quarto, estes jovens na maior parte das vezes muito jovens, não foram formados para trabalhar com alunos desta faixa etária; chegam às escola e deparam com um grupo de professores, geralmente já “entradotes” que os recebe com”nariz de fedor”… eles só lhes vieram dar mais trabalho, “flexibilizar o horário” (isto quer dizer que no meio do horário de monodocência do 1º ciclo, encaixam as referidas actividades, o professor da turma espera uma horita sem fazer nada e depois volta a ir dar mais umas coisas que é preciso ensinar aos putos...). e obrigar a mais umas quantas fichas de registo, que não servem para nada.
E muito mais poderia dizer mas mas já vai longo o discurso.
Ora aí está, há que compreender que tal não funciona, de todo.
Eu até acho que isto da escola a tempo inteiro pode ter benefícios, mas primeiro será preciso que os professores das AECs fossem considerados professores de primeira, parceiros a ter em conta nas nossas actividades diárias, pares com quem dividíamos os preceitos a desenvolver com as crianças, docentes da mesma carreira, sem necessidade de andar “a dias” para poderem sobreviver.
Isto tem de mudar.
Os jovens, como aqueles com quem eu hoje fui almoçar, merecem-no.
Estão ainda esquecidos na luta que temos vindo a bradar, por uma escola mais digna.
Geralmente nem se fala neles, nem se sabe que há grandes profissionais que trabalham sem direitos, mas com muitos deveres.
Eles serão os professores de um futuro próximo, que a continuar assim não vejo promissor.
Ora aí está, há que compreender que tal não funciona, de todo.
Eu até acho que isto da escola a tempo inteiro pode ter benefícios, mas primeiro será preciso que os professores das AECs fossem considerados professores de primeira, parceiros a ter em conta nas nossas actividades diárias, pares com quem dividíamos os preceitos a desenvolver com as crianças, docentes da mesma carreira, sem necessidade de andar “a dias” para poderem sobreviver.
Isto tem de mudar.
Os jovens, como aqueles com quem eu hoje fui almoçar, merecem-no.
Estão ainda esquecidos na luta que temos vindo a bradar, por uma escola mais digna.
Geralmente nem se fala neles, nem se sabe que há grandes profissionais que trabalham sem direitos, mas com muitos deveres.
Eles serão os professores de um futuro próximo, que a continuar assim não vejo promissor.
Esta é a supervisão que lhes faço e aqui lhes deixo, no final do 2º período.
Com muitas amêndoas de chocolate à mistura.
7 comentários:
Sempre me ensinaram que a mesa era sagrada. Pois foi precisamente à mesa que hoje me esqueci que era uma "AEC". Fui só mais uma professora num almoço de professores de final de período, sem distinções e sem rótulos.
Parece haver actualmente duas classes de professores: os ditos "normais" (como já ouvi tantas vezes da boca dos miúdos) e os das AECs: os que oscilam entre serem professores e monitores, os que veêm o seu trabalho ser muitas vezes desvalorizado pelos alunos/pais/professores entradotes com "nariz de fedor" e os que, apesar de tudo e de todas as críticas e culpas que lhes queiram apontar, continuam a fazer um trabalho sério, digno, honesto, independentemente da remuneração e da desaquação do nível de ensino em que estão obrigados a leccionar.
Agradeço a utilização da palavra "parceiro", porque é isso mesmo, em primeiro lugar, que os professores das actividades precisam: serem vistos pela comunidade escolar como fazendo parte dessa mesma comunidade. O resto virá com o tempo...
Se é para construir a escola do futuro, não nos esqueçamos de lançar os alicerces agora e não nos esqueçamos de aliar a juventude à experiência, o estudo à brincadeira, a pedagogia à prática, os titulares aos AECs...
Boa Páscoa. Boas férias!
Ana Almeida, AEC Inglês
Este é mais um exemplo da arte em que este governo pê-èsse é mestre: a arte da implementação de ideias que, teoricamente, são interessantes (e pelo próprio assim justificadas), mas que são inevitavelmente presentes envenenados (com veneno de várias origens).
Infelizmente, não são só os professores a serem malhados; o partido que apoia este governo é fértil em personagens que gostam de malhar -- e, portanto, há que encontrar muitos objectos de malhação. A avaliação na função pública (que toda(?) a gente reconhece como necessária e urgente e é justificada por sãos princípios de uma série de valores reconhecidos), a aplicação dessa avaliação tem contornos perfeitamente diabólicos (numa perspectiva social e da justiça).
(Cada vez) Há (mais) lodo no cais...
Como se vê, há grandes potenciais em standby.. como esta Ana que mostra bem que já é uma grande parceira... e como viu, não disse colegas, pq a mim também me ensinaram que tudo o que começa por "cu" não presta... Parceiros sim, para todos os serviços...LOL
Cara Bea,
é preciso perceber que a escola intramuros é como o que se esconde debaixo do capot de um qualquer carro (salvaguardadas as devidas diferenças, claro!): tudo o que lá está, está por alguma razão e com uma funcionalidade específica. Até mesmo a "anilha do bujão" (não, não estou a querer entrar na brejeirice!!!), pequenina e insignificante, desempenha as fuunções para as quais foi criada (tem alguma coisa a ver com o óleo do carro, segundo me explicaram).
Por que terá a escola que ser diferente?
Bom trabalho.
Haja alguém que diz bem e que defende, os Professores das Aec´s. Se não fossem as Aec´s, os meus primos de Lousada, não teriam sido colocados. beijos e uma boa semana!
tens toda a razão!
na minha escola também são tratados como parceiros, mas ouço muitas queixas.
depois as condições em que trabalham - mal pagos e com alunos exaustos e que pouco os respeitam - é um assunto que nada interessa ao governo. para eles é mão de obra barata, para os pais desde que os filhos estejam entretidos nada mais interessa!!
Este poste está na fila para ampliação lá no jardim, por ser outro ângulo, muito bem visto, do mesmo problema: o estado da educação.
Um abraço e BOAS FÉRIAS.
Nós merecemos!
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