quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dia Internacional da Pessoa Com Deficiência


De 1992 a 2004 o meu dia a dia profissional fazia-se como professora de educação especial. Comecei a trabalhar com crianças diferentes quase por acaso. Envolvi-me. Ganhei experiência. Senti necessidade de saber mais e, a minhas custas, fui fazer uma especialização.
Depois vieram os alunos surdos, a tentativa de ouvir com os olhos, o ensaio de falar com as mãos, a prática de ensinar por tentativas, o traquejo de me entender com crianças diferentes.
E quando dava como certo que toda a minha vida profissional seguiria nesse rumo, tive que dela abdicar.
Porque sim, porque foi aí, por volta desse tempo, que a educação e a escola iniciaram os seus conflitos. Os maus exemplos, de professores que contra os seus pares começaram a disparar flechas de azedume, obrigaram-me a iniciar um novo caminho deixando de estar ao lado das crianças de quem ainda hoje tenho saudades.
Nesse Verão, para culminar do desalento em que me vi, ao ser forçada na opção, o pai de um muito meu menino surdo, com quem trabalhava desde os dois anos, a quem tinha ajudado a saber falar…num acto insane e louco matou mãe e filho a tiro de caçadeira. Depois tentou em si, sem sucesso. Um ano após, já na prisão, pôs fim ao desespero e enforcou-se.
Hoje falámos de deficiências, lemos a História do Homem Calado… eu li as imagens que tenho do M. Lembrei-me dele.

Foi para ele a minha prece.

1 comentário:

Anabela Magalhães disse...

Acho que todos nós, professores, acumulamos histórias de arrepiar ao longo dos anos de contactos com centenas de crianças.
Esta é uma delas, Tiza.
Beijinhos. Fica bem.