sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O TROPI






Tivemos, há algum tempo atrás, um gatinho siamês que se chamava “Tropi”.
O Tropi foi encontrado abandonado, na berma da estrada, pela minha filha Ana que gosta pouco de animais. Mas como gosta pouco, decide encontrá-los e que seria de mim se gostasse muito. Deu-lhe ela o nome em causa, porque pensou que ele tinha sido “Tropilado”.
O Tropi tinha poucos dias, mas era lindo e fazia pela vida pois tinha, não sei se de nascença se por maldade, ficado paralisado das patas traseiras.
Pensámos que morria, levamos à veterinária (ficou-nos por uma pipa de massa) e o danado pôs-se fino. Como não lhe fizemos a “fisioterapia” devida (...a sério, tínhamos mesmo de fazer duas vezes por dia, com as indicações respectivas e toalhas de água quente e tudo), ficou com os músculos das patas traseiras duros e as mesmas direitas e esticadas, saindo-lhe pelo meio da barriga. Arrastava-se por todo o lado, com uma rapidez imensa e foi ficando cada vez mais “musculado”, tal como um jogador de basquet paraplégico que treina para os Paraolímpicos. Andava de fralda descartável quando o queríamos ter em casa, sob penas de fazer xixi por todo o lado.
Foi crescendo e era tão meigo na sua deficiência que todos gostavam dele.
Morreu uma noite, depois de ter estado doente alguns dias. Mas como já tinha resistido a tantas peripécias, eu ia dizendo que ele ainda tinha vidas para gastar.
Quem deu com ele foi a Verónica. Telefonou num choro convulsivo que me deixou aflita pensando que lhe tinha acontecido uma desgraça muito maior.
Fui eu que o tive de enterrar. Fiquei assombrada com o peso que tem um animal depois de morto. Tive de carrega-lo e pior, encontrar e escavar um sítio para o colocar. E muito pior ainda, foi saber que tinha sido eu que lhe dei ossos de galinha e o fiz rebentar.

Ainda não me perdoo.
Nunca mais queremos um animal de estimação. Tão cedo não!
Hoje lembrei-me do Tropi… Deve ser por continuar com o "pé ao peito".

Sem comentários: