Mamã

Também foi professora. Foi a minha professora.

Foi uma professora que pode gabar-se de nunca ter deixado um aluno sem saber ler. Por mais dificuldades que eles tivessem, conseguia trabalhar todos. As turmas tinham um número ilimitado de alunos mas sabia personalizar o trabalho, inatamente. Sem Apoio Educativo, sem Planos de Recuperação, Acompanhamento ou outros que tal. No final de cada ano não tinha mapas nem estatística elaborada em Excel, com que se preocupar. Não tinha planos, programas, nem projectos educativos. ..

Tinha sim, verdadeiro perfil de educadora e gosto em ser professora.

Não me lembro de a ver zangada comigo e com os outros meninos também não. Não me lembro de ser preciso gritar, muito menos de bater. Tanto assim, que ao ver as outras professoras a utilizarem a menina de cinco olhinhos nos seus alunos, me lembro de pensar “gostava tanto de apanhar um bolo”!

Bastava-nos o seu olhar sério, e todos sabíamos que era para andar na ordem, ninguém ousava faltar ao respeito.

Sempre foi assim, ainda hoje o é. Naturalmente, sem ser preciso ter lido depoimentos de psicólogos modernos sempre soube que todas as crianças necessitam de autoridade. Educar, para ele sempre foi inato.

Quando foi avó nunca estragou os netos. Mais uma vez educou e ensinou.

Ainda se reformou numa época em que, ser professor era uma profissão de respeito. Nem sequer percebe o que se passa agora no nosso dia a dia, muito menos porque é que a escola nisto se transformou.

Nasceu no dia 21 de Julho de 1937.

Faz hoje 72 anos e continua a ensinar-nos.

Parabéns Mamã.