

ou como vejo as coisas da vida...
Ao chegar ao seu centésimo episódio e indo já na temporada 6, a série Boston Legal de David E.Kelley que teve as surpreendentes participações de William Shatner e James Spader na dupla Denny Crane/Alan Shore TERMINOU...
Fechou com chave de ouro depois de nos ter habituado a episódios inusitados e divertidíssimos que nunca se preocuparam com a unanimidade de público, puseram em causa comportamentos americanos cada vez mais difundidos e tocaram todos os limites da moral e da justiça.
Aplausos para todo o elenco, pela agradável diversão que nos ofereceram, também pela coragem com que criticaram e se opuseram ao partido republicano dos EUA e por fim, pela dura crítica à globalização que deixaram no ar, sem nunca se deixarem intimidar pelo politicamente correcto.
Boston Legal certamente ficará na memória de seus fãs, como uma das melhores séries já produzidas e deixará saudades.
Este desafio foi-me enviado pela Saltapocinhas que tem um post excelente, a relembrar o seu dia 24 de Abril de 1974.
E como ela merece, cá vai a resposta com as minhas lembranças desses outros tempos.
Vivia eu noutro Continente, em terras de ultramar, desta pátria outrora de aquém e além mar e frequentava (como todas as meninas de bem) um colégio interno de freiras, por acaso espanholitas. Tinha 13 anos e andava no 4º ano do liceu, hoje 8ºano.
Era maningue moderno, pois já tinha alunos do sexo feminino e masculino. Tudo a molho, mas com muita fé em Deus.
E como era de lei, tínhamos uma coisa que se chamava Mocidade Portuguesa. O que representava ser da Mocidade Portuguesa só muito mais tarde eu vim a perceber, mas a verdade é que todos queríamos ser do grupo porque se faziam uns acampamentos do melhor...!!! O resto eram piqueniques, bailes...e uns apontamentos que nunca ninguém lia.
Como tal, havia umas músicas que acompanhávamos à viola e cantávamos todos à volta da fogueira:
A primeira era um hino da própria mocidade de cuja letra alguns ainda se lembrarão:
Minhas botas, velhas, cardadas
Palmilhando léguas sem fim
Quanto mais velhinhas e estragadas
Tanto mais vigor sinto em mim...
Agora vamos ao que interessa: no meio destes cantares havia uma música que começava assim "Vejam bem, que não só gaivotas em terra, quando um homem se põe a pensar..."
Tinha-nos sido ensinada por um colega mais velho, mas sempre com a condição que só a podíamos cantar quando não nos estivessem a ouvir. Dizia ele que podíamos ir presos... ? Nós não percebíamos muito bem porque é que cantar estas músicas nos poderiam levar à cadeia mas era por isso mesmo, porque era proibido, que nos apetecia sempre cantá-las em vez das "botas velhas"
Tendo acordado no dia 25 de Abril, tal como nos outros dias, preparada para mais uma maratona de aulas, já era por aí meio da manhã quando se começou, em surdina, a ouvir dizer que tinha havido uma revolução.
O que é isso??? Uma guerra!
Onde? ?? Em Lisboa???? Mas isso era muito longe!
E depois???? Depois, vai haver liberdade!
Ai é? Então toca todos a cantar a canção do Zeca Afonso bem alto (também não podíamos dizer este nome, para não irmos presos), que afinal agora já somos livre e ninguém mais nos prende.
E foi isto que fizemos.
De resto, recordo que lá não havia televisão, as cartas demoravam 15 dias a chegar e o rádio nem sempre se "apanhava". Por isso demorou algum tempo até percebermos o que ia acontecer a seguir.
Era tudo sem stress!
E agora desafio
a Anabela
o Aijesus
a Didium
os Lírios do Campo
Eu sei que eles todos ainda não tinham nascido, mas podem inventar.
Ah! E entretanto mudei a data do desafio. Porque sim, só porque o que aconteceu nesse dia fez apagar a memória do anterior. E também porque me lembrei do Batista Bastos.